terça-feira, 22 de junho de 2010

1º Trail Louco da Reixida

Relatar o que se passou na prova iria ser “doloroso” para quem ia ler, mas não resisto a deixar umas letras.

Como conhecedor do percurso, fiz alguns treinos na companhia do Luís (Organizador responsável pela prova), José Agostinho, Rui Roberto, e outros, sabia o que me esperava e também sabia que seria um sucesso pois estavam reunidos os ingredientes necessários para tal.

Apesar de ter sugerido (em parceria com os nomes referidos acima) alterações ao traçado inicial, que fizeram haver rio e escalada para todos, nunca me passou pela cabeça que tal fosse aceite pela organização. O planeado era estradão e montanha!

Mas a verdade é que o Luís, também atleta, interiorizou estas “alterações loucas” como úteis à prova, mas questionou diversas vezes «Eles molham os pés?»; «Eles passam aqui?»; «Vocês é que são malucos, não é?»; «Ninguém vai vir a esta loucura!».

Garanti-lhe que se o fizesse a prova teria não só fama mas continuidade. E que seriam os próprios atletas a fazer jus e publicidade à prova desta aldeia, Reixida, única no mundo.

Agora, passada a prova, somos os donos da razão! Só trabalho atletismo para ver alegria nos na cara dos outros.

No domingo, ainda antes do almoço, olhei para o Luís e reparei na enorme felicidade que trazia estampada no rosto. Em conversa garantiu-me que iria dormir tão tranquilo como uma criança.

O Luís esteve vários dias preocupado com a prova, com a equipa, com a balização, com a refeição, com tudo, nem dormia.

Hoje é uma pessoa mais feliz com um objectivo conquistado, e merecido. Todo o trabalho valeu a pena. Parabéns Luís. As dificuldades de comunicação também foram superadas.

Quanto à minha prestação era para ser ritmo de treino pois estou ás portas da Freita. Levei a máquina fotográfica para ir tirando fotos nas partes mais giras e empolgantes do precurso. Pretendia fazer o acompanhamento do fundo do plutão.

Após uma pequena ajuda antes da partida nas informações aos atletas, posicionei-me na retaguarda do plutão. Já em corrida lembrei-me que poderia ser mais útil se me chegasse à frente e entrasse no rio mais cedo, tiraria muito mais fotos nessa passagem. Assim fiz, assustei muita gente ao passar e ultrapassar num ritmo impressionante atletas muito mais velozes. Ao chegar ao rio a máquina já esta a disparar. Foi aqui que eu tive a maior surpresa da prova. Normalmente a água é tão límpida que se vê na perfeição o chão, agora estava turva pela passagem dos 30 atletas que iam à minha frente. Fui tirando fotos fui vendo algumas quedas como a da Glória. O resultado foi simples, embora a andar tropecei numa enorme pedra escondida que me projectou involuntariamente para dentro de água, tentei deixar a mão que levava a câmara de fora, mas até esta foi ao fundo do rio. Fiquei logo ali com a câmara estragada pela humidade, e sem capacidade de concluir o objectivo fotográfico a que me propôs. Entreguei a máquina ao 1º elemento da organização que encontrei e segui em frente com novo objectivo, tentar fazer o menos tempo possivel.

A 1ª escalada decorreu já em fila indiana, na descida seguinte constatei que não era o meu dia para correr (sabemos isso pelos nossos sinais), estava demasiado lento e as forças tinham ficado no rio. Na subida para o 1º abastecimento vi-me forçado a andar, uma subida que se faz bem a correr.

Após o 1º abastecimento existiam várias subidas, embora a andar mantive a distância para os que me antecediam. Na 2ª escalada se corre-se pareceria mal aos restantes pois não vislumbrei ninguém a correr. Esta escalada serviu para ver a belíssima paisagem e para animar as hostes com incentivos orais. O amigo Vitorino vinha logo ali com vontade de me apanhar. Após o 2º abastecimento, no alto da Maunça, segui rápido pelo trilho até ao vale, a subida a seguir voltou a ser penosa, e vi o Vitorino a ameaçar a minha posição. Chegado ao alto da Senhora do Monte tinha a companhia do Aníbal Godinho (Organiza os Trilhos do Almonda a 11 de Julho) que me disse ter-se perdido, e foi à procura da sua posição mais à frente, foi descer, descer, passar o 3º abastecimento sem parar e só depois o deixei ir já no estradão. Ao passar pelo 4º abastecimento a malta estava muito admirada com a velocidade dos primeiros que nem pararam para abastecer. Eu parei, passou o Monteiro e o amigo nazareno que não recordo o nome.

Voltando à prova procurei chegar rápido ao rio, mas as pernas não queriam correr. Vislumbrei o “Arca” à minha frente com dificuldades em progredir e pensei que o poderia alcançar. Entrei no rio com um salto para a água, aqui sabia que a água dava pela cintura em alguns pontos. Mergulhei propositadamente várias vezes para refrescar e soube-me muito bem. Consegui alcançar e ultrapassar o “Arca”, pois nado melhor que ele. A malta que assistia a esta passagem de rio estava excitadíssima a apoiar os atletas, foi o suplemento necessário para fazer a parte final em sprint e entrar na meta a dançar pelo êxito da prova. Tempo 1,44,13 e dentro dos 40 primeiros.

Consegui chegar à frente do Abutre Vitorino que me prometeu a desforra para a Freita.

Depois não fui ao banho de água quente como a maioria, levei comigo o Vitorino e o Monteiro para um banho retemperador na piscina natural junto à nascente do rio. Eu já a conhecia mas eles ficaram fascinados com o local.

O almoço seguiu em grande como é praxe destas andanças como que uma grande festa de todos os participantes e a entrega de prémios a seguir para os mais esforçados nos seus escalões.

Vitória categórica de Albino Daniel, da Confraria Trotamontes, e de Glória Serrazina, de CRP Ribafria, numa prova que contou com 89 atletas na linha de meta.

No saco uma garrafa do bom vinho da região, um choriço e uma t’shirt.

Paralelamente houve caminhada e pelo que ouvi dizer foi do agrado de todos.

Fotos retiradas dos blogs dos amigos Joaquim Adelino e José Brito a quem agradeço o “roubo”.

2 comentários:

  1. Para que foi rolar...vai lá vai...lá se foi a minha boleia na Freita, ainda por cima com a ameaça do Abutre...vou ter que ir sozinho

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  2. Ao pé de si não há tristezas que valham. Não admira que a organização da prova estivesse mais tranquila com a sua ajuda e por estar ali por perto. Este trail foi idealizado para a rapaziada que gosta deste tipo de competições e por pessoas que sabem e conhecem bem o terreno e fundamentalmente por saberem respeitar os intervenientes que não são mais do que companheiros das mesmas aventuras.
    Agrada a qualquer um a forma como está nestas coisas, brincalhão a apimentar uma saudável convivência e camaradagem que se regista.
    Parabéns pela sua prova e a forma como a descreveu, brincando conseguiu um bom registo e no melhor pano cai a nódoa, uma queda, sinal que por muito que se treine ali a queda pode acontecer em qualquer altura, eu safei-me mas vi cenas bem complicadas de quem seguia por perto de mim.
    O elogio que faz à Direcção da Prova pelo risco assumido é merecido e nós, tal como eles, estamos muito satisfeitos por termos tido a oportunidade de participar neste magnífico Trail.
    Um abraço e até à Freita.

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