terça-feira, 7 de outubro de 2008

5 de Outubro

Domingo dia 5 de Outubro dia de Portugal. Enquanto os colegas Pedro e Joel e respectivas senhoras participavam na 20ª Meia Maratona de Ovar, eu decidi fazer um treino longo por um percurso serrano fascinante que não fazia há alguns anos, em pleno Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros Fui até ao Circuito de Manutenção das Pedreiras local de partida e chegada deste percurso traçado pela serra dos Candeeiros. Iniciei o treino pelas 10 horas. Segui até ao Vale Travelho onde iniciei a primeira dura subida até às antenas de televisão, onde cheguei com trinta minutos percorridos. Apercebi-me rapidamente da paz e do silêncio que me envolviam, rasgados apenas pelo cantar das aves de várias espécies. No céu azul, além do companheiro sol, planavam várias águias talvez preocupadas comigo, um intruso no seu habitat. No planalto desta serra cultiva-se milho e batata, entre outros produtos tornando a serra mais viva e colorida. Até aqui o percurso é cansativo mas fascinante. À medida que se sobe o horizonte mostra-me o mar desde a Vieira até Peniche, com a imperiosa mancha verde do pinhal de Leiria, agora ameaçado pela praga do “Nomátodo”. O trilho foi difícil, pedra por pedra, até ao planalto onde se entra nos caminhos de macdame que atravessam a serra dos Candeeiros de lés a lés, ou antes, da Pevide à Lua, nome dos dois extremos da serra dos Candeeiros. Nas antenas de televisão chego aos 550 metros, subi cerca de 400 metros desde o início. A garganta começa a acusar falta de líquidos, na mesma altura inicio a descida suave para as proximidades da aldeia da Bezerra. A paisagem é digna de um bom fotógrafo, a sucessão de várias colinas, as rochas, Serro Ventoso lá no fundo ao longe, o verde dos campos, os desenhos que os muros antigos de pedra fazem à distância, o silêncio, a paz interior, magnifico, para recordar. Passo por alguns caçadores que me olham admirados, mas que me desejam boa viagem, agradeço e continuo. Começo a segunda subida, mais fácil que a primeira, do lado oposto à da primeira desta vez com vista para o interior da serra, onde se vêm algumas vacas nas pastagens. O caminho em macdame encarcola serra acima até chegar ao segundo planalto, este já com algumas árvores de sombra. Ao fundo vê-se o Largo dos Carvalhos, um local construído pelo homem para lazer e descanso, uma pequena mata de pinheiros (o nome Carvalho vem dos seus proprietários – família Carvalho) com uma pequena casa em pedra rústica, umas mesas para merendas, uma casa de banho, e até uma baliza para os amantes da bola. Uma pequena maravilha escondida no interior da serra. Parei aqui com 50 minutos de treino e aproveitei para me refrescar com a água aproveitada da chuva e do orvalho. Segui logo de seguida por um pequeno trilho que liga ao alto da serra onde foi construído um cruzeiro a marcar a entrada neste milénio e de onde se observa uma paisagem magnifica para o mar, vendo-se bem, por estar o céu limpo, as ilhas das Berlengas. Logo de seguida chego ao ponto mais alto da serra dos Candeeiros, aos 612 metros, onde está instalada a antena de Protecção Civil e onde os parapentistas têm uma zona de lançamentos. O relógio marcava 65 minutos de treino. Aqui o vento, embora fraco fazia-se sentir, passei rápido e iniciei a descida direito ao Pocinho, agora já por trilhos de pé posto, e com inclinação considerável. A cerca de 100 metros do Pocinho o trilho fica fechado com silvas e tojos, avanço pé ante pé abrindo caminho. O local é desolador, outrora uma pequena mata a meio da serra com uma pequena lagoa com cerca de metro e meio de profundidade. Agora o local foi vítima de incêndio e as arvoras já nem sombra fazem, são esqueletos em pé. O Pocinho, a lagoa, está seco. Continuo a descida até ao sopé da serra, pelos trilhos deslavados pelas últimas grandes chuvas logo após ao incêndio o que deu origem a grandes rasgos na serra. Após 15 minutos de descida continua encontro-me próximo do sopé da serra próximo da aldeia dos Casais de Santa Teresa, o percurso que resta é praticamente plano. Paro junto a um depósito de água onde me refresco, e como um pequeno cacho de uvas de uma vinha ali próxima. Sigo caminho olhando a serra onde há pouco me encontrava, vista daqui é enorme e não dá para imaginar sequer as belezas que contém. O ritmo que imponho é lento, mas rápido o suficiente para encontrar e deixar para trás um colega de corrida que vai mais “roto” que eu. À medida que me aproximo do local de chegada aumento o ritmo o que dá para terminar o treino bem cansado. Faço alongamentos e alguma ginástica. O cronómetro parou nos 98 minutos. Cheguei a fazer este percurso em 80 minutos. Quer isto dizer que passei muito tempo a olhar a natureza e os animais, mas também me diz que tenho os andamentos muito mais lentos agora. Tenho muito que treinar para melhorar o ritmo e me aproximar dos 4 min/km. Lembro a quem interessar que este percurso além de magnifico, é bom para fazer em caminhada levando mesmo almoço na mochila, desfrutando de tudo o que não se pode desfrutar em corrida. V.Ferreira

Sem comentários:

Enviar um comentário