terça-feira, 30 de dezembro de 2008

22ª S. Silvestre da Serra da Estrela

Na bonita vila de Loriga, a "Suíça Portuguesa" - Foi assim que alguém a chamou um dia, quando encantadora paisagem estava a contemplar. Lorica, foi o nome dado pelos Romanos a Lobriga, povoação que foi, nos Hermínius (actual Serra da Estrela), um forte bastião lusitano na luta contra os invasores. Lorica, do latim, é nome de couraça guerreira, de que derivou Loriga, com o mesmo significado. Os Romanos puseram-lhe tal nome, devido à sua posição estratégica na serra (era e é a localidade mais próxima do ponto mais alto), e ao seu protagonismo durante a guerra contra os Lusitanos (LORICA LUSITANORUM CASTRUM EST).

É um caso raro de um nome que se mantém praticamente inalterado há dois mil anos, sendo altamente significativo da antiguidade e da história da povoação. Por isso, a couraça é a peça central e principal do brasão histórico da vila. A povoação foi fundada estrategicamente no alto de uma colina, entre duas ribeiras, num belo vale de origem glaciar, onde a presença humana existe há, pelo menos, cinco mil anos. Desconhece-se, como é evidente, a longínqua data da sua fundação, mas sabe-se que Loriga existe há mais de dois mil e seiscentos anos, e que surgiu originalmente no mesmo local onde hoje está o centro histórico da vila. A tradição local, e diversos antigos documentos, apontam Loriga como tendo sido o berço de Viriato, que nasceu sem dúvida nos Hermínius, onde foi pastor desde criança. A rua principal da área mais antiga do centro histórico da vila de Loriga, tem o nome de Viriato, em sua homenagem.

A Igreja Matriz tem, numa das portas laterais, uma pedra com inscrições visigóticas, aproveitada de um outro templo existente no local, quando da construção, datada de 1233, data que foi aliás gravada nessa mesma pedra. A antiga igreja era um templo românico, com traça semelhante à da Sé Velha de Coimbra. Tinha o tecto da capela-mor e a abóbada central pintados com frescos, e, quando foi destruída pelo sismo de 1755, possuía ainda nas paredes, quadros da escola de Grão Vasco. O seu orago era, tal como actualmente, Santa Maria Maior. A Vila de Loriga fica situada na Serra da Estrela, a cerca de 770 metros de altitude, como que protegida por duas sentinelas vigilantes e altivas que parecem tocar no céu, e que são a Penha do Gato com cerca de 1800 metros e a Penha dos Abutres com mais de 1800 metros. Uma estrada serpenteante e magnifica para o turismo, bem lançada em audaciosas curvas pelas encostas da serra onde a engenharia moderna pôs todos os seus recursos, leva-o a Loriga onde ao chegar contemplará embevecido o casario branco para, de imediato, lhe dar a impressão de que assenta sobre um trono onde a Natureza parece ser soberana num verdadeiro reino de esplendor. Loriga é uma das terras serranas mais formosas, bem digna da visita dos turistas, onde, entre os mais diversos predicados naturais e artísticos, decerto encontrará também o descanso e a paz de que necessita. A gente desta Vila é hospitaleira, simpática e, acima de tudo, amiga desse seu torrão. A evidenciá-lo, é estarem dispersos pelas ruas da vila, marcos fontanários e outras recordações que atestam bem o vincado amor desse seu povo à terra natal. Foi neste cenário e envolvidos por uma temperatura de cinco graus centígrados que participaram um total de 110 atletas na prova local, 59 nos escalões jovens e 51 na prova para adultos. Num percurso bonito traçado no interior da vila, durante quatro voltas que perfaziam os 5.600 metros anunciados, a dificuldade física era bastante exigente dado se tratar duma zona muito desnivelada. Na prova principal, depois de uma descida muito acentuada com 400 metros, onde os veteranos sentiam enormes dificuldades, iniciava logo de seguida uma subida suave mas constante com 800 metros.
A minha prova ficou escrita logo na primeira volta, após a primeira descida (quase desumana para quem sofre da coluna) fiquei aflito com dores nas costas passando o restante percurso com enormes dificuldades esperando apenas terminar o meu calvário. Há um comentário que não posso deixar de fazer, esta prova realiza-se há duas dezenas de anos, as direcções sucessivas do Grupo Desportivo Loriguense sentem sempre dificuldades em realizar a prova ano após ano, e 2008 não foi diferente. A dificuldade, segundo me parece, é apenas monetária, no entanto distribuiu 1.460 euros por 17 atletas e por cinco equipas. Lamento dizer isto mas saí de Loriga sem uma única lembrança da prova. Estava anunciado um saco incluindo lanche para todos os atletas, mas não chegou para os últimos vinte atletas onde me inclui. As inscrições são gratuitas, mas quando não se dá o prometido está-se a falhar e a promover negativamente a prova. Estamos na Serra da Estrela, o dinheiro que se distribuiu cativou poucos atletas, inclusive o vencedor limitou-se a fazer um treino ganhando a prova apenas quando quis. Penso que o dinheiro gasto poderia ser rentabilizado de uma forma muito mais positiva e promotora da prova. Para isso bastava haver um prémio de presença ligado à história ou cultura da vila. A Internet pode ajudar na divulgação da prova, a vila tem vários blogs activos (alguns muito bem elaborados). A vila tem condições para albergar uma maior quantidade de atletas nesta prova. O banho, tomado na escola, foi de água quente. As inscrições e secretariado estiveram a cargo da Associação de Atletismo da Guarda.

Não sou exemplo para nada, mas já organizei provas com orçamento inferior e com mais de duas centenas de participantes. Significa menos dinheiro distribuído mas uma enorme promoção da prova, da vila, e da região. Tudo somado daria um enorme êxito. Para a história ficam as classificações, 9º lugar para Luís Botelho em Iniciados; 43º lugar e 16º veterano (eu), para 5.600 metros consegui o “belo” tempo de 29:26 min. O vencedor foi Manuel Silva, SL Benfica, com 18:58. Nas senhoras venceu Andreia Jesus, ACR Sra. Do Desterro, com 23:41. União Desportiva de Valmaior venceu por equipas. Classificações em http://www.aag.pt/agenda/evento.asp?idevento=318