sábado, 17 de julho de 2010

1º Trail do Almonda

Torres Novas foi palco de uma bem organizada prova de Trail tendo como base as piscinas municipais e como referência a nascente do Almonda de onde se deu inicio à prova, com a presença de cerca de 130 participantes.

Aníbal Godinho, mentor e principal responsável por este evento, teve nota máxima como líder desta bela aventura por terrenos da serra de Aire.

O tempo quente que se fez sentir não amedrontou a organização que estava bem apetrechada para resolver este que poderia ser um problema. Na verdade os muitos e fartos abastecimentos bem distribuídos pelo percurso, com a nota bastante positiva de os líquidos estarem frescos e a fruta ser em abundância, deixou os atletas de tal forma satisfeitos, que a publicidade ficou desde já garantida para o ano seguinte e certamente com um numero maior de participantes.

A organização esteve à altura com nota máxima desde o início até ao fim do evento.

Salientar que o 1º Trail do Almonda teve como madrinha a campeonissima Glória Serrazina que competiu e ganhou o seu escalão sendo ainda a 3ª da geral final.

O padrinho foi o grande impulsionador do Trail em Portugal, José Moutinho.

Venceu em masculinos Alcino Serras e em femininos Susana Simões, por equipas foi o CA Barreira.

A minha prova baseava-se essencialmente na participação por respeito e solidariedade ao amigo Aníbal Godinho. Depois da lesão contraída na Freita a 27 de Junho, e que continuava a massacrar-me o joelho esquerdo, nada mais podia fazer que um longo treino lento sem objectivos classificativos.

Assim fiz e parti logo na cauda do plutão para acautelar um ritmo mais lento. A subida inicial até ao minuto 9 foi feita a andar ao ritmo dos que me antecediam. Acompanhado pelo José Carlos e pela “Pintas” fomos galgando terreno e passando colegas que estavam com ritmos mais lentos. Caso da Célia Azenha, Analice, Otília, Joaquim Adelino, e outros amigos de que não me recordo o nome.

O primeiro abastecimento foi servido pelo nosso padrinho José Moutinho, que abdicou da corrida para ajudar nos abastecimentos e ver o desenrolar da prova. Fiquei surpreendido pela fartura e frescura dos produtos ao dispor do atleta. Cada abastecimento convidava a um banquete, mas havia que seguir destino.

Na subida para o Fojo, sem querer, fiquei isolado dos meus companheiros iniciais. Segui calmamente serra acima e “encostei” à Estela e ao irmão.

No planalto seguimos os três e esta companhia manteve-se até perto dos 20 kms. Altura em que a descer por estradão me deixei entusiasmar e descolei do grupo. Foi a minha asneira.

Os kms que faltavam tornaram-se penosos devido ao meu pequeno excesso. O joelho não gostou da brincadeira e obrigou-me a deixar de correr para andar. Ainda consegui intervalar corrida com caminhada e cheguei ao abastecimento dos 25 kms na companhia do Hugo Velez. O Hugo seguiu e eu aproveitei para refrescar o joelho. Deu para que os manos Gonçalves chegassem, ainda troquei umas palavras com eles, e segui para o meu calvário. Consegui correr um km e logo tive que intervalar com caminhada. Passaram dois ciclistas que me incentivaram, um deles atleta dali, mas tinha pouca solução o meu caso.

Francisco Bossa, atleta e amigo de Barrancos, juntou-se a mim e teimou em seguir comigo no meu ritmo prejudicando a sua corrida. Obrigado amigo pela solidariedade.

Para surpresa nossa tinha um abastecimento aos 27 kms. Uma maravilha. Parecia que sabiam que a malta naquele local iria precisar… Obrigado ao pessoal de todos os abastecimentos, além de simpáticos foram pessoas a saber incentivar os atletas. Obrigado.

Havia ainda atletas a quem conseguimos uma aproximação, por incrível que parecesse, e até formamos um grupo que quase chegava à meta todo junto. Ao formarmos o grupo, consegui fazer com que o Bossa segui-se no seu ritmo até ao fim, já que eu tinha companhia.

Atravessar Torres Novas até ao Jardim das Rosas, tornou-se muito penoso, mas ao ver as minhas meninas a aplaudir-me junto ao rio foi o incentivo que me faltava para galgar os metros finais.

Tempo final 3 horas e 53 minutos.

Duche de água quente, não havia necessidade mas era obrigatório.

Almoço final a condizer com as necessidades, no fim da prova não há grande apetite.

Aproveitei para pagar uma divida ao amigo Luís Mota, entregando-lhe um pequeno regador em loiça divida da Corrida de S. Miguel de 2009.

Revi muitos amigos destas andanças, não nomeando nomes por não querer esquecer involuntariamente alguém.

Parabéns Aníbal Godinho e a toda a organização.

As restantes horas da tarde foram passadas na praia fluvial da nascente do Alviela junto da familia.

As fotos foram retiradas de blogs amigos a quem agradeço o empréstimo sem autorização.

A Extreme Ultra da Freita

Aquela que considerei como objectivo principal para 2010, a Ultra Trail da Serra da Freita, com 70 kms, realizou-se a 27 de Junho e eu estava na linha de partida pelas 5 horas da manhã, completamente descontraído e ciente das enormes dificuldades que me esperavam. Sabia que teria que cumprir o percurso no tempo limite de 15 horas e tinha esperança de o fazer em 14 ou menos.

A preparação não seria a mais adequada, no entanto não se tratava de uma competição mas sim, da minha capacidade de decidir passo a passo a destreza e paciência necessárias para atingir a meta. Era uma luta contra eu próprio. Seriam as sucessivas subidas, de entre outros obstáculos, e a forma como as ultrapassava que ditariam o meu resultado final. Teria de saber correr na altura certa e de andar no momento indicado.

Ao mesmo tempo teria que saber gerir o meu próprio abastecimento, líquido e sólido, não deixando que a minha mochila secasse, nem deixando-me chegar ao limite.

A regra era gerir, gerir, gerir, saber gerir. Mas sempre respeitando a serra e a mãe natureza!

Estreei a mochila abastecedora nesta prova. O mesmo aconteceu com os bastões que seriam uma ferramenta útil a auxiliar as muitas subidas íngremes que teria de fazer. Nunca tinha feito provas com bastões.

Os treinos efectuados anteriormente nesta serra deram-me a conhecer a totalidade do percurso. Era conhecedor das dificuldades e também da estranha e magnifica beleza desta serra. Sabia de antemão a melhor forma de superar cada obstáculo. Os treinos realizados foram feitos em condições extremas, chuva, vento e sol.

Devo isto tudo de ser conhecedor da Freita ao amigo José Moutinho, não só o organizador desta prova extraordinária, mas o grande divulgador das corridas em trilhos por este Portugal.

Não fui enganado para a partida. Fui consciente e com um à vontade nunca antes sentido antes de uma prova de grandes dimensões como esta. E já tinha feito a Ultra da Freita anteriormente.

Portanto o objectivo era concluir e levar para casa a tão ambicionada “Finisher”.

Fui informado de que a temperatura, calor, poderia criar dificuldades extras aos atletas. Havia que prevenir e fazer conta com o sol.

Na mochila todo o material obrigatório, Corta-vento, frontal, apito, água, comida, manta de sobrevivência, boné e bastões.

Partida e lá vamos todos de frontal ligado pela serra fora fazendo fila indiana. Era lindo ver aquelas luzinhas a evoluir umas atrás das outras. Estava contente com o meu frontal, iluminava como se trata-se dos médios do meu automóvel, fantástico.

Ia no meu ritmo sem companhia certa. A dado momento juntei-me à Glória Serrazina, e fomos percorrendo percurso ainda sem dificuldades, tínhamos 20 minutos de prova. Ela comenta que estávamos no trilho errado.

(Continua...)