Sábado 25 Julho.
Almocei às 13 horas com a família e saímos de casa pelas 14.30 rumo a Sever do Vouga, a cerca de 190 kms de Porto de Mós, para me estriar nesta corrida de montanha Trilho dos Mouros. O objectivo era chegar a Dornelas (local de chegada da prova) antes das 17 horas para poder apanhar o autocarro que transportaria os atletas para Sever do Vouga (local de partida da prova). Oito kms separam estas duas povoações.
A prova estava marcada para as 18 horas.
Em Dornelas não havia informações nem vontade que pudesse esclarecer os atletas que já suspeitavam que algo não estaria bem. O tempo foi passando e autocarro nada. Deu para assistir à partida dos Caminheiros, e a uma muito mal organizada prova de Benjamins que contou com os atletas em espera para cortar e controlar o trânsito.
Às 17.45 lá chegou o autocarro que sendo único não deu para levar os cerca de oitenta atletas que ali estavam à espera sendo necessário fazer segundo frete. E posso afirmar que “frete” é a palavra adequada ao pessoal organizativo que com os atletas convivia directamente. Quem ficou para a segunda remessa (palavras de um senhor de mau modo que parecia da organização de Dornelas) pode comprovar que não havia estima por nós atletas. Por certo foi a viagem mais rápida que um autocarro fez entre estas duas povoações, e estou a falar de uma zona serrana.
Chegados à zona de partida os atletas foram informados que a partida iria ser dada dai a 5 minutos. Tudo bem mas faltava ainda levantar o dorsal e se houvesse tempo fazer aquecimento. À pressa tudo foi feito, e ainda consegui esconder o envelope onde vinha o dorsal e um série de panfletos turísticos da região que poderão ser úteis em outras ocasiões.
A partida foi feita pelas 19:20. O percurso foi do meu agrado delineado na serra do Arestal, e parecia estar bem balizado, de três formas, fita pendurada nos arbustos, setas pintada a vermelho no alcatrão e pintas laranja florescente em algumas rochas no solo. No entanto não evitou uma série de enganos, o balizamento era escasso e pouco visível onde seria mais necessário.
Uma hora e vinte depois cheguei à meta, exausto e com os gémeos completamente arrasados. O meu peso excessivo e o desgaste da última descida deixou-me de rastos. Mas estava contente com a minha prestação. Recebi o saco com a t’shirt e produtos que poderiam ser regionais (se não fossem espanhóis), que a minha filha de 4 anos devorou com a fomica que já tinha.
Fiz ginástica e alongamentos de recuperação e dirigi-me aos balneários para tomar banho. Mais uma surpresa me esperava. Supostamente alguém se teria esquecido de ligar a água não havendo banho possível. Outros atletas usaram o que encontraram para se lavarem, torneiras, água do lavadouro, outros nem se deram a esse trabalho. Eu procurei o ribeiro por onde tinha passado 500 metros antes da meta, e junto ao Parque de Merendas “Além do rio”, enfiei-me no ribeiro e tomei um belo banho de água fria que ao mesmo tempo ajudou a recuperar as dores musculares.
Estaria atrasado para o Churrasco, marcado para as 20 horas, se este não tivesse começado pelas 21.15 depois de todos os prémios entregues, já noite dentro e sem iluminação suficiente. Voltou a notar-se que os atletas não estavam a ser bem acolhidos.
A senha que dava acesso ao recinto desportivo descoberto, foi visionada por duas vezes, para que se tivesse acesso a um copo de bebida, dois pedaços de broa e dois pedaços pequenos de frango. Um colega até frisou que as pessoas da organização pareciam ter sido obrigadas a estar ali, e que nos estavam a “aturar”.
Como atleta e organizador de alguns eventos desportivos tenho que lamentar todas as atitudes menos próprias que os organizadores deixaram que acontecessem ao longo deste evento desportivo que auto-anuncia uma festa, inclusive inserido nas festas do concelho de Sever do Vouga e do FICAVOUGA 2009.
Os atletas nunca foram informados do que se estaria a passar, seria fácil fazê-lo até porque alguns elementos da organização usam walk-tokes para se comunicarem. Tendo em conta todos os atrasos e falhas registadas, a informação aos visados (atletas) teria diminuído os “danos”. É de lamentar uma organização com nove edições no currículo, apoiada pela Câmara local, Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada, Terras de Aventura, e A.C.D de Dornelas, e a contar para o Circuito Nacional de Montanha, com a logística liderada pelo Prof. António Matias, mítico organizador deste género de provas, se desinteresse quase completamente pelos atletas. E digo quase porque alguém se preocupou em receber os 5 euros de cada atleta presente.
Desde o almoço até voltar a comer alguma coisa passaram 8 horas, e se não fosse corajoso ao ponto de tomar banho na água fria do riacho faria mais 190 kms de regresso a casa onde poderia então tomar banho. Não fosse duas bifanas que comprei no recinto da igreja de Dornelas, também chegaria a casa com uma enorme vontade de jantar
Possivelmente a prova irá ter um grande decréscimo de participantes no próximo ano, mas não se admirem. Quem me manda ir onde não devo e onde não me querem!
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